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Mensagem do Bispo na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2022

O tema da Semana de oração, neste ano de 2022, “Nós vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo”, baseado em Mateus 2:1-12, convida-nos a recordar a visita feita ao menino Jesus recém nascido, a José e Maria, de pessoas importantes vindas de longe que também ficaram conhecidas por “Reis Magos”. Chegados a Jerusalém procuraram saber onde encontrar o que procuravam. Perturbaram a cidade com a sua presença e com a sua pergunta. Parece que de repente uma ameaça estava a ter lugar ou alguma coisa estava a acontecer fora do controle dos que dominavam.

Havia quem conhecesse bem as escrituras para responder à pergunta: “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus?” A orientação dada foi seguida pelos que vinham à procura, mas os que informaram parece que não lhes fez diferença nenhuma o que estava em causa. O que nos pode levar a considerar que conhecer bem o texto bíblico nem sempre significa estar-se bem preparado para descobrir, para acolher, para compreender o que veio habitar entre nós para ser a nossa salvação, a nossa paz, a nossa vida abundante.

“A estrela ia adiante deles e deteve-se no lugar onde o menino estava.” Há aqui uma palavra que fala de uma participação amiga de quem quer ser honrado e conhecido. Fica-nos o sentimento de que Mateus quer que fique claro que Deus esteve presente em tudo o que aconteceu. Faz-nos lembrar o modo como Deus conduziu o povo após a saída do Egipto.

“Vendo a estrela, alegraram-se muito.” Este registo fala da alegria da descoberta, do encontro, do ter valido a pena o terem-se posto a caminho. “Quem procura sempre encontra.” Lá diz o ditado popular que aqui se confirma. A alegria faz parte da vida dos que encontram aquele que faz a diferença.

Os que também ficaram conhecidos por “Reis Magos” simbolizam todos os outros e outras para além do povo de Israel que também são merecedores do amor divino. Mas é bom voltar a lembrar que muitas vezes os conhecedores do texto bíblico nem sempre estão abertos à ação de Deus que os poderosos só se preocupam com o seu “eu” e que vale a pena pormo-nos a caminho para irmos ao encontro daquele que quer ser a nossa grande alegria.

A pergunta que se nos coloca é: Que “estrela” estamos nós a seguir? Estou certo de que muitas e muitos de nós queremos continuar a seguir aquele que nos conduz à vida abundante e que o nosso testemunho pode ajudar outras e outros a quererem fazer caminho connosco.

Em todas as coisas contamos com Deus. E, Ele conta connosco. Ele age a nosso favor através de outros e outras. Nós agimos em seu nome a favor de outros e outras. Somos portadores de uma boa nova que nos alegra, como alegrou os “Reis Magos”, a qual é que Cristo nasceu para nos dar confiança, para ser o nosso melhor amigo, o nosso guia até à vida abundante. Não nos deixemos levar pelo que nos afaste de seguir a “estrela” que brilha mais do que qualquer outra.

O Conselho de Igrejas do Médio Oriente, com sede em Beirute, no Líbano, preparou o material de apoio à semana de oração deste ano. Este Conselho, segundo o que foi publicado, representa os cristãos que vivem numa região do mundo onde os direitos humanos habitualmente são desrespeitados devido a injustos interesses políticos e económicos, vivem afetados também pela crise de saúde internacional que se vive provocada pela pandemia e vivem com as consequências humanas e materiais da grave explosão que devastou Beirute em 4 de agosto de 2020.

Os cristãos do Médio Oriente, no material que prepararam, chamam-nos à missão de como Igreja sermos “a estrela que ilumina o caminho para Cristo, que é a luz do mundo. Sendo tal estrela, a Igreja torna-se sinal de esperança num mundo de angústias e sinal da presença de Deus que acompanha o seu povo nas dificuldades da vida.”

A Igreja ser estrela que ilumina o caminho para Cristo lembra-nos a importância do testemunho cristão que precisa de ser visto até naquilo que ainda não acontece, na celebração da Eucaristia, na celebração da Santa Ceia, onde todos os cristãos precisam de estar juntos para afirmar e celebrar o grande amor de Deus.

Voltando ao que nos dizem os cristãos do Médio Oriente, somos lembrados que “Servir o Evangelho hoje requer o compromisso de defender a dignidade humana, especialmente dos mais pobres, dos mais fracos e dos marginalizados. Exige das Igrejas transparência e responsabilidade no trato com o mundo e umas com as outras. Isso significa que as Igrejas precisam de cooperar para fornecer alívio aos aflitos, acolher os deslocados, aliviar os sobrecarregados e construir uma sociedade justa e honesta.”

Que muitas e muitos possam dizer: ”Vimos a sua estrela e viemos” adorá-lo, servi-lo, ajudar o mundo a crer com o nosso testemunho e com a nossa ação.

Assim nos ajude o Senhor.

Sifredo Teixeira

Bispo

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